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Entre o Aqui e o Ali..

A vida faz-nos querer estar em muitos sítios. Ansiamos por amanhã mas desejamos ser ainda ontem.. Queremos ficar aqui mas ao mesmo tempo que sonhamos já estar ali... É a incerteza que nos conduz pela estrada, cheia de curvas, até ao futuro!!

Entre o Aqui e o Ali..

A vida faz-nos querer estar em muitos sítios. Ansiamos por amanhã mas desejamos ser ainda ontem.. Queremos ficar aqui mas ao mesmo tempo que sonhamos já estar ali... É a incerteza que nos conduz pela estrada, cheia de curvas, até ao futuro!!

Dores de Mãe

Após o parto, pensava frequentemente no dia que teria que me "separar" do meu pequeno S. Esse pensamento transformava-se numa angústia miudinha por imaginar as horas longe dele. O coração apertava-se e eu obrigava-me a pensar noutra coisa para desanuviar aquela nuvem negra que se começava a adensar nos meus olhos. É certo que até recentemente não tinha emprego, pelo que (apesar de todas as dificuldades inerentes a tal) era relativamente fácil esquecer o assunto com um simples - Deixa-te disso, nem trabalho tens!!!.

Mas felizmente uma estrelinha brilhou e o emprego apareceu e com ele trouxe o sofrimento da "separação". Forte por fora como só eu sei ser, por dentro estava desfeita em pedacinhos bem pequeninos. As horas de separação iam ser (são)  tão longas (sempre mais de 12h); sem oportunidade de adaptação para mim nem para ele; sem horário reduzido para amamentação; de uma só vez. "Então preparada para o início do trabalho? Agora é que vais ver o que custa..; Claro que sim, não é a primeira vez que vou trabalhar, tenho 6 anos de bagagem..". Mas agora tinha o meu coração noutro sítio e ia deixá-lo! E sim, ia custar e muito, era escusado estarem constantemente a relembrar-me isso, qual seta que atiça a ferida.

No primeiro dia doeu (ui se doeu). A falta do cheiro dele, do riso dele, dos abraços e dos beijos lambusados, dos sons para chamar a atenção. As birras para dormir e o encostar da cabeçinha no meu peito quando quer um miminho mais. A falta dele. As saudades dele... Para quem não é pai nem mãe, ler sobre saudades que até nos provocam dor, pode parecer completamente absurdo. Mas chegamos a sentir mesmo dor física, um aperto no peito que aumenta de intensidade à medida que o tempo de separação aumenta. 

Passadas 13h30 cheguei a casa. Bastou ouvir a minha voz para começar aos saltos. O pai desceu com ele e quando me viu riu, e riu, dava pulinhos de alegria, saltava para o meu colo, apertava-me e ria muito. E eu chorava, enquanto o agarrava; enquanto o apertava e cheirava; enquanto aos poucos ia diminuindo a dor no peito.

Ficámos assim, agarrados um ao outro, a matar saudades um do outro. Cada vez que me afastava, virava-se para todos os lados, fazia beicinho, procurava-me. Só queria o meu colo, o meu abraço, o meu aconchego. Foi assim até cair num soninho descansado.

Quando somos mães, não estamos preparadas para estas situações de separação. Eu diria mesmo que, quando somos mães, nunca estamos preparadas para qualquer situação que nos separe dos nossos bebés. Mas como diz a minha amiga do coração, a vida dos crescidos é mesmo complicada e para lhes darmos o mínimo, também temos de nos afastar deles. Mesmo que tal nos faça sofrer.