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Entre o Aqui e o Ali..

A vida faz-nos querer estar em muitos sítios. Ansiamos por amanhã mas desejamos ser ainda ontem.. Queremos ficar aqui mas ao mesmo tempo que sonhamos já estar ali... É a incerteza que nos conduz pela estrada, cheia de curvas, até ao futuro!!

Entre o Aqui e o Ali..

A vida faz-nos querer estar em muitos sítios. Ansiamos por amanhã mas desejamos ser ainda ontem.. Queremos ficar aqui mas ao mesmo tempo que sonhamos já estar ali... É a incerteza que nos conduz pela estrada, cheia de curvas, até ao futuro!!

Juro que às vezes me apetece apertar o pesçoço a alguém

Se há coisas em que sou muito boa a respeitar é prioridades, filas, número de ordem. Se não gosto para mim, não faço para os outros. Respeito quem está à minha frente e quem está atrás de mim.

Mas eis-me diariamente deparada com os Chicos-Espertos da A2, que se metem na faixa da direita como se fossem para Almada e que vão andando/ultrapassando a fila até se enfiarem num qualquer espaço deixado por um condutor desatento, à frente de centenas de carros aguardam pacientemente na fila (por vezes durante horas).

Confesso, rogos-lhes pragas (diarreias, dores no sítio corporal que mais gostem, comichão no traseiro, principalmente pragas como a da cigana " que te dê uma dor, quanto mais corras mais te doa, se parares que rebentes"), apito sonoramente e juro que às vezes me apetece sair do carro e apertar o pescoço aquela pessoa invasora.

Detesto pessoas que se acham importantes, que se acham o máximo da inteligência e da perspicácia (eheh, aqueles parvos já ficaram todos para trás e eu passei-lhe à frente num espaço de minutos). Detesto pessoas que não respeitam o próximo. E a essas pessoas (principalmente às 7h da manhã) eu era capaz de muita coisa, inclusive oferecer-lhes um aperto de pescoço!

Sim, hoje sou uma pessoa má! E revoltada..

Do trabalho

Sempre trabalhei por conta de outrem (mesmo quando trabalhei para a família), já tive muitos tipos de patrões ao longo da minha carreira contributiva - bons, maus, assim-assim, prestáveis, intratáveis, atenciosos, egocêntricos e até desumanos - por isso consigo avaliar com alguma rapidez sempre que me surge um à frente. A maioria tem como objectivo ter sempre razão e mesmo quando não a têm, arranjam maneira de conseguir contornar a questão de modo a que o ónus da questão não fique nas suas mãos. A maioria puxa das suas cordas vocais e dos seus galardões sempre que encontro um erro, um deslize provocado por um dos funcionários. Esquecem a parte humana e encarnam a personagem do "lobo mau". Chego mesmo a considerar que a maioria dos chefes tem um gozo tremendo em encontrar erros, esquecimentos, falhas, atrasos (acho que fazem disso um objectivo quantificável) para logo no momento seguinte nos dizerem - está mal; tem aqui um erro; isso não está certo; não entregou a tempo. Enchem o ego e transmitem a sensação de vitória; mostram aquele sorrisinho (ou não) maquiavélico que traduzido significa - eu sabia que ias meter a pata na poça.

É por isto que estes chefes nunca conseguirão chegar a lideres. É por isso que este mundo não vai a lugar nenhum. Porque os chefes são em número bastante mais elevado que os lideres.

Bem que me apetecia torcer o pescoço a um chefe.. E era já!!!

 

Saudades (de ter tempo)

Hoje tenho o meu coração apertado, doce da minha mãe. Não temos tido tempo um para o outro, tempo que nos encha um do outro, que nos complete as saudades que temos tido. Hoje tenho o meu coração apertado. Sinto a tua falta o dia inteiro, meu amor. Conto todos os minutos para te ver, para poder chegar ao pé de ti, para te cheirar, para te sentir junto ao meu peito. Anseio por chegar a casa para te ver saltar para os meus braços, enquanto ris e dás gargalhadas ao perceberes que eu já estou ali só para ti. Enquanto eu choro de emoção e de alegria e deixo a tensão sair.  

Mas hoje tenho o meu coração apertado, meu bebé lindo. Hoje choraste, querias o meu colo, mas também não querias. Querias que te abraçasse, mas também não querias. Dei-te mama, acalmaste mas qualquer coisa te incomodava e te deixava novamente a chorar. Chegou o pai e conseguiu entreter-te até te ires jantar. Dei-te a sopa.  Dei-te banho. Brincámos um bocadinho mas tu tinhas sono, já fazias birra. Voltei a dar-te mama, mas ela já era tão pouca que ficaste ainda mais irritado. Coloquei-te na caminha e dei-te muitos beijinhos, suaves, como quem beija o mais precioso e mais frágil dos seres. Querias fechar os olhos, mas os meus beijos faziam-te despertar. Bem sei que não devia continuar, que devias descansar, mas a mamã tem tantas saudades tuas.. 

Hoje tenho o meu coração apertado, doce da minha  vida. Apertado de saudades tuas, do tempo que éramos só nós o dia todo, do tempo em que cantavamos, que brincávamos no chão, na cama, na mesa. Tenho saudades do tempo em que não havia tempo limite para estarmos os dois . Agora chego a casa e por mais que seja rápida, entre o teu jantar e o nosso, preparar o teu almoço e o nosso, o teu banho e o ritual de vestir ocupam todo o tempo. Ficamos depois juntinhos enquanto mamas, olho-te nos olhos e tu retribuis; com a tua mãozinha doce e suave vais fazendo festas no meu peito. Bates sempre a perna, como se marcasse o compasso. E a seguir a noite acaba e só nos voltamos a juntar na manhã seguinte. 

Hoje, enquanto os meus olhos transbordam de lágrimas , tenho o meu coração apertado de saudades tuas.  Estás mesmo ao meu lado bem sei, mas a minha vontade é agarrar-te, encher-te de beijos, sentir esse teu cheiro doce que me enche a alma. O tempo não chega para encher as minhas reservas de ti, do teu amor, do teu sorriso, do teu cheiro, dos teus beijos lambusados, do teu toque tão suave. 

Hoje vou  dormir de coração apertadinho de saudades tuas, saudades do nosso tempo,de saudades de nós. 

Momento MÃE!

Faz hoje 8 meses que foi assim!

 

As últimas semanas de gravidez não tinham mesmo sido fáceis. Depois de tantos dias a correr para o Hospital, deu jeito que durante as duas semanas que antecediam o parto me mandassem ficar em casa, com saída apenas para o CTG rotineiro. Mas quando cheguei lá às 39, disse para a médica que o meu cansaço era já muito forte. Já me era extremamente difícil dormir, não havia posição para estar deitada; sentada; de pé. E ficámos combinadas que na avaliação das 40 semanas, se continuasse igual, faríamos a indução. A varicela tinha-me debilitado muito e eu estava exausta. 

Eram 8h45 entrava no HSB. Identifiquei-me e disse que vinha para a consulta. Passado muito pouco tempo fui chamada - triagem (tensão, pulsação, temperatura) e CTG. Até que apareceu a minha médica e me perguntou como é que estava e se pretendia que avançássemos para a indução. Respondi logo que sim. Já me tinha mentalizado que não voltaria para casa sem o meu pequeno raio de sol nas mãos. Fizemos o internamento e eram 10h estavam a dar-me o primeiro 1/4 de comprimido. Tinha 1cm de dilatação. O caminho ainda era longo.

Até por volta das 14h, as dores que ia tendo eram completamente suportáveis, e foi por essa altura que me deram o outro 1/4 de comprimido. Foi instantâneo o aumento das contracções e da intensidade com que sentia as dores. O F. chegou para a visita e o CTG já marcava com regularidade o ritmo das contracções e eu já respirava fundo. Pouco tempo depois terminou a visita. Despedimo-nos com um até já.

Estava tranquila, mas aquela ansiedade miudinha começava a aparecer lá no fundo do meu ser no preciso momento em que me rebentaram as águas. Senti como se tivessem despejado um copo de água quente debaixo de mim. Chamei a enfermeira que me perguntou se precisava de ajuda. Disse-lhe: "eu acho que as águas rebentaram"; " E acha muito bem, vamos já trocá-la".

Daí para a frente foi sempre a subir - na intensidade das contracções; na ansiedade; no nervosismo. A médica veio-me observar. Dilatação: 2 cm!! - "Sabe V., os partos provocados por norma são mais difíceis no que toca a contracções, mas você está a ir bem". Mas as dores já eram muito fortes e, felizmente, ela tinha um recurso "vou levá-la para dentro e pedir ao anestesista para lhe dar uma sequencial (cara de espanto da minha parte). Esta anestesia é a única que pode ser dada antes de ter atingido o trabalho de parto activo e que não o comprometa. Assim que atingir os 3cm/4cm de dilatação, já podemos dar a epidural." Perfeito, era mesmo o que estava a precisar. Depois de rebentarem as águas, a intensidade e a regularidade das contracções faziam-se sentir cada vez mais. Chamei o F. Estava na hora de o ter ao pé de mim, sempre até o nosso pequeno nascer. 

O caminho entre o internamento e o bloco de partos (feito a andar) pareceu-me uma eternidade (quando foram apenas uns metros). Após estar instalada, levei a anestesia e só tinha de aguardar 10minutos para que a mesma fizesse efeito. E pedacinho por pedacinho fui deixando de sentir as dores. Faltava só uma parte da barriga - a frontal. Mais um bocadinho já vai adormecer. 10minutos e nada, as dores localizavam-se todas ali. 20 minutos, todo o resto do corpo descansava, excepto aquela zona na barriga que sentia todas as dores. Não consegui descansar. Pensei - com a epidural com toda a certeza que esta dor vai desaparecer.

Após 1h e pouco a médica veio-me observar: 4 cm de dilatação. Disse-lhe das dores, ela confirmou: tem uma "janela" onde a anestesia não chegou. Vamos tentar mudar a posição agora na epidural para ver se resulta. Mas não resultou. Com a ajuda da enfermeira parteira estive na bola de Pilatos; na posição à chinês; novamente na bola. Segundo ela aquela janela poderia ser devido ao bebé estar ali mal posicionado. De cima para baixo, de baixo para cima, e já estava nos 6 cm de dilatação e a sentir praticamente as dores todas - "esta bacia é espectacular, por este andar vai parir primeiro que a outra mãe de 3"!! 

Por volta das 22h levei o último reforço de epidural, mas essa então não teve qualquer efeito apaziguador nas minhas dores. As contracções eram seguidas. Fortes. Intensas. Estava nos 8,5cm. Voltei a circular na entre a bola de Pilatos e a marquesa. Passou 1h30m e a dilatação não avançava. O meu amor maior não estava encaixado. Algo se passava. O cordão enrolado no pescoço, um pé preso em algum lado, eram as hipóteses que se colocavam para a estagnação do trabalho de parto. 23h55 e decidimos que o melhor seria ir para a cesariana. 

Lembro-me que entre a sala de partos e a bloco para cesarianas o espaço era curto, mas pareceu enorme. As contracções no seu máximo. A dor. Após a substituição do cateter e assim que começo a levar um novo tipo de anestesia, comecei a sentir o calor na ponta dos pés e a subir-me pelas pernas. Quando deixei de as sentir, percebi o que costumam dizer com - chegar ao céu - quando se leva a epidural.

" Horas? 00h41:13. Parabéns mamã". E foi nesse preciso momento que olhei para cima daquele pano verde e o vi. O meu mundo parou naquele instante e uma lágrima escorreu-me pelo rosto. O imenso cabelo. Os olhos rasgados e o beicinho de zangado por o terem tirado do quentinho da mamã. O meu mundo parou e soube que a partir daquele instante nada na minha vida, e na do pai, seria igual. Levaram-no. Enrolaram-no num pano e voltaram a trazê-lo para o poder beijar. Para o poder cheirar. Chorei e ri ao mesmo tempo. Ele chorava de zangado.

Enquanto fui cozida, fez o contacto corpo a corpo com o pai, que aguardava pacientemente na sala dos pais. Sempre muito calmo o meu F. Aconchegou-o e deu-lhe os primeiros mimos. Depois chegou a minha vez de o aconchegar com a maminha (e que fome que ele tinha!).

Não foi um parto fácil nem uma estadia fácil no hospital. As cesarianas têm uma recuperação difícil (pelo menos a minha foi bastante difícil); a dificuldade de movimentos entre a cama e o chão, a ausência de ajuda durante as noites no hospital (só nos privados deixam os maridos ficar de noite). São dias e noites difíceis. Mas olhar para aquele ser indefeso, que amamos tanto, que desejámos tanto, que é parte de nós, faz-nos - por momentos - esquecer todo o sofrimento.

 

Hoje, passados 8 meses, é o meu pequeno raio de sol que ilumina os meus dias, que me aquece o coração com os seus sorrisos e me derrete lágrimas de emoção e de amor sempre que se agarra a mim a pedir miminhos. Ser mãe faz-nos viver sempre com o coração fora do peito, desejar que eles cresçam ao mesmo tempo que tememos que isso aconteça e que os percamos do nosso colo para sempre. Queremos sempre mais - mais um abraço, mais um beijinho, mais um sorriso. Mas também queremos que o tempo passe mais devagar, que pudéssemos estar mais e mais tempo com eles. 

Ao longo destes 8 meses, uma certeza eu tenho tido: cada vez amo mais este pequeno ser que de mim saiu e que a minha (nossa) vida não seria nada sem ele. 

A gravidez (atrás da lente!)

O inicio do "nada mais será igual" deu-se através da lente da fantástica, simpática e carinhosa Joana Patita. A sua capacidade para nos colocar à vontade mostrou-se logo de inicio e bastaram alguns minutos para que conseguíssemos fotos fantásticas. Talento natural, diria eu, para alguém que fotográfa por paixão e por hobby e que o faz tão bem.

Queríamos fotos em que pudessemos ser transportados para o momento em que as tirámos. Sentir a mesma brisa fresca, os raios de sol na face. Ouvir os sons dos meninos que brincavam. As nossas gargalhadas. Sentir o nosso coração acelerado da emoção e da alegria que estávamos a sentir. Nós os 3, para a eternidade, nestas fotos que tanto nos dizem e que tanto amor nos trouxeram. E conseguimos.

Obrigada querida Joana. Ficarás para sempre no nosso coração. 

 

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Na gravidez

Não posso dizer que tive uma gravidez muito complicada (nervosa talvez), excepto na parte final. Tirando a queda das escadas às 21 semanas e a azia desde muito cedo, até às 36semanas nunca tive problemas de maior. Mas o aproximar das 37 semanas trouxe-me a minha maior preocupação.

A comichão no corpo já me atacava nos últimos dias, mas na consulta de rotina tinham-me dito que era normal na gravidez: o aumento do volume sanguíneo, a circulação mais condicionada devido ao aproximar do final da gravidez poderiam levar-me a ter esses sintomas. Mas num domingo, após um passeio no fim de tarde na praia e durante o banho eis que as comecei a ver: bolhas (não eram borbulhas) de água no peito e muitas bem pequeninas dando o aspecto de uma erupção cutânea. Não pensei duas vezes e corri para o HSB - Urgências Obstétricas. Foi aqui o início de toda uma aventura. Iniciaram o procedimento habitual - triagem com a enfermeira, CTG e observação pelo médico. Mostrei as bolhas, medi a tensão, verificaram a temperatura, fiz CTG, fizeram-me o toque e foi aí que me pareceu que comecei a falar sozinha. Diagnóstico médico: pode ir para casa andar que ainda está atrasado; Dr. eu não vim cá com dores, eu vim cá devido a estas bolhas; Ah, isso é prurido gestacional, toda a grávida tem, tome banho com oleoban que isso melhora. Voltei para casa.

Não melhorou. No dia seguinte a proporção das bolhas tinha aumentado consideravelmente. Voltei ao HSB. Cheguei e o mesmo procedimento. Na triagem informei a enfermeira que já lá tinha estado no dia anterior e que o meu problema não era resolvido com CTG e toque's. Simpática, ela referiu que o CTG até convinha fazer para ver a movimentação do bebé, depois eu falava com o médico sobre o resto. Observação e repeti a mesma história. E ele disse-me: Vamos fazer umas análises e ver se o fígado está a trabalhar bem, pois podemos estar na presença de uma colestase gravídica (hãã??). Dizem-me por alto que, caso os valores estejam alterados, teríamos de antecipar o parto. Com os resultados, apesar de o valor estar ligeiramente alterado, não era justificação para todo aquele panorama que o meu corpo representava. Novo toque. Novamente para casa. Se me sentísse pior era para voltar. Nessa noite já não consegui dormir na cama. Lembro-me de tomar banho 3 vezes nessa noite e na noite seguinte. As dores na pele eram imensas, as bolhas cada vez maior, cada vez em maior número, espalhadas por todo o corpo - mãos, braços, tronco, cara, pescoço, o único sítio onde não havia era nas pernas e nos pés, a preocupação com o meu mais pequenino que estava cá dentro - e se o tiverem que tirar? Só tem 37 semanas. E se for grave? 

No dia seguinte disse passei no centro de saúde para a médica de família me ver - V. voltas já para lá, eles têm que te ver em condições, fazer análises, vigiar o bebé, assim é que não podes continuar pois apesar de todas estas bolhas darem a entender que é varicela, não têm o aspecto nem as características de uma varicela. E assim fui, pela 3ª vez para o HSB, para o mesmo procedimento. Mas desta vez, quando fui observada pela médica de serviço disse: não venho cá para me fazer toque's e não me vai fazer nenhum. Há 3 dias que venho para o hospital, não me dizem o que tenho e mandam-me para casa sem qualquer tipo de informação ou medicação. A médica percebeu o meu estado, fez-me mais análises - a tudo e mais um par de botas inclusíve aos anti-corpos da varicela - e mandou-me aguardar. Eram 22h quando nesse dia saí do hospital com os resultados das análises ligeiramente alterados (eu tinha algo a desencadear-me uma infeccção) mas nada de preocupante e os anti-corpos negativos (sabe V. esta análise só nos diz se você tem os anti-corpos, não nos diz se o que você tem é varicela ou não - boa! - mas vou tentar marcar-lhe uma consulta com o dermatologista para ele a ver!). No dia seguinte fui ao dermatologista no HOSPOR (se não ainda hoje estava à espera da consulta que a Drª me ia marcar) e o espanto da médica foi tal que chamou os companheiros de serviço - V. eu penso que isto seja um herpes gestacional, raramente vimos esta situação e tenho quase toda a certeza em como não é varicela. Leva uma receita de anti-estamínico e pergunta na sua obstetra se pode tomar isto por causa do bebé. E voltei para casa.

Essa noite foi passada sentada na beirinha da cadeira com os cotovelos em cima da mesa da cozinha. Só os cotovelos. E as palmas das mãos a segurarem a cabeça. Foi a pior noite. Mas no dia seguinte consegui dormir de manhã. Fiquei por casa, acredito que na esperança que tudo aquilo passasse ou que fosse apenas um sonho mau.

6º dia da saga e voltei ao HSB, mas antes já tinha feito novamente análises com a médica de família que após os resultados mandou-me novamente para o sítio onde ela achava que nunca devia ter saído. Pensei que em primeiro lugar deveria ir ter com a obstetra para ela me ver. Levei as análises e ela atendeu-me e disse-me que para além de os valores das análises não terem alterações relevantes, todo o meu panorama corporal indicava uma varicela atípica, que por sinal já se encontrava na fase de secagem das bolhas. Contudo, ela ligou para o HSB e pediu que chamassem um médico do departamento das doenças infecto-contagiosas para que ele me podesse avaliar. Pela última vez nessa semana entrei no HSB. Nova triagem. Novo CTG. Não houve toque. Sim, porque pela primeira vez nessa semana, era quase certo que o meu diagnóstico era varicela e a partir desse momento, mesmo já tendo passado a fase de incubação, o meu pequeno príncipe não poderia nascer. E aguentámos assim o retrocesso da varicela até às 40semanas. 

Prurido Gestacional. Colestase Gravídica. Herpes Gestacional. Afinal, era simplesmente Varicela (pura, dura, muito forte e com uma dimensão gigantesca).

Hoje não tenho estrias que me relembrem que por mim passou uma gravidez, tenho sim as marcas de cada uma das bolhas que me encheram o corpo. 

Cheira a mar

O título deste post poderia perfeitamente ser: há coisas que o dinheiro não paga; e há coisas que sem dinheiro não se compram.

Hoje, aproveitei que o sol deu o ar de sua graça e, enquanto fazíamos companhia ao rei que se deslocava para o trabalho, levei o príncipe a passear para apanhar vitaminas solares. Fomos os 3 a pé praticamente quase até à porta e depois eu voltei para trás. Eu a empurrar o carrinho. O príncipe já a dormir.

E foi nesta volta que senti algo que adoro (e que quando um dia eu sair daqui, vou sentir imensa falta): o cheiro a mar; o cheiro a maresia que nos entra pela alma e refresca. Pensei - realmente há coisas que o dinheiro não paga. Não paga este cheiro que nos transfere para outro lugar, que convida a que fechemos os olhos (inspira.. expira..inspira...expira) e que deixemos que a acalmia tome conta do nosso ser, enquanto os nossos sentidos auditivos absorvem os sons - as gaivotas; a criança que corre; os velhotes no muro; o mar que rebenta na areia. 

Há coisas que o dinheiro não paga - como acordar e adormecer com as ondas; acordar pela manhã e sentir a brisa fresca, suave e com cheiro intenso a mar; almoçar perante este azul brilhante e poder percorrer a marginal com o sol a aquecer-nos o interior até ao local de trabalho.

Sim há coisas que o dinheiro não paga. Mas há tantas outras coisas que sem dinheiro não se compram (e que são tão fundamentais). É por todas estas coisas que precisamos que, com toda a certeza, um dia sairemos daqui. Porque agora somos 3 (e queremos um dia ser 4.. ou 5.. ou 6..); porque é preciso encontrar a "carreira" que ficou perdida algures entre Lisboa e o Alentejo; porque a "troika" ainda não saiu cá de casa; porque o pequeno príncipe está em crescimento e os filhos trazem com eles duas consequências - viver com o coração fora do peito para todo o sempre e ter sempre uma carteira aberta.

É por estas coisas (e por tantas, tantas outras) que uma dia teremos que deixar aquilo que o dinheiro não paga, para podermos pagar com dinheiro aquilo que a vida exige. 

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Projecto de vida

Tenho a certeza que nasci já a pensar em ser mãe. Dito isto, as pessoas podem pensar que enlouqueci, mas o meu desejo de ter filhos sempre foi tão forte, que qualquer criança, qualquer bebé, qualquer grávida, rapidamente me arrancava sorrisos e lágrimas. De emoção. De ansiedade. O meu relógio biológico começou a trabalhar tão, tão cedo.

 Quando casei aos 24 anos, pensei que daí a engravidar seria um pulo pequenino. Eu tinha o meu trabalho, o F. tinha o trabalho dele. Ambos certos. Ambos por muito tempo (pensávamos nós). Mas é quando alinhamos tudo para seguir em frente, que a vida nos mostra que, planos a muito longo prazo nunca são bons. É quando pensamos que estamos no caminho certo, que a vida nos diz que tem outros planos para nós.

Claro que numa análise mais fria das vidas humanas, (quase) toda a gente costuma dizer: oh, por mais que se espere pelo tempo certo, pelo emprego certo, pela idade certa, nunca chegamos ao "certo", pois não há uma hora certa para ter filhos. Nós não estávamos mesmo na hora certa e o nosso plano de vida foi adiado. E adiado. E ainda mais adiado. 

Mas os 29 estavam à porta, sendo que com 9 meses de gravidez, se me atrasasse muito, seria mãe depois dos 30. E esta matemática traiçoeira, que nos arrebata o coração e o cérebro, começou a criar em mim uma ansiedade acima do normal. E se não conseguíssemos? E se houvesse alguma incompatibilidade conosco? E se por estarmos envoltos em tanto stress, dificultasse o processo? Conhecemos tantos casais que passaram por isso.. e sabemos tão bem o que eles sofreram..

Não queria pensar assim. Falámos os dois. Eu e ele. E combinámos - nada de ansiedade, nada de pressão, nada de contar a toda a gente o que estamos a planear. Quando calhar, calhou. Quando ficar, ficou. Mas assim ninguém nos questiona com aquelas perguntas incomodativas e insensíveis. E eu queria pensar assim. Com calma. Sem stress. Sem ansiedade. Com confiança de que quando fosse a altura ideal, ela chegaria. Mesmo que o caminho fosse longo.

Mas o caminho não foi longo. Foram 2 meses que nos levaram ao auge da nossa felicidade.

Após 2 testes de gravidez, foi a consulta que nos arrebatou quando ouvimos aquele coraçãozinho acelerado. As lágrimas caíram. O silêncio e os sorrisos trocados entre nós transmitiam felicidade e irradiavam o nosso rosto. Estava ali o nosso propósito de vida. E só tinha pouco mais de 5cm.

A partir daquele momento, nada na vida iria ser igual. Será muito melhor. Pois agora somos 3. Eu, o F. e o nosso "coração fora do peito". 

O regresso.

Bem sei que faz imenso tempo que não escrevo. Poderia dar imensas justificações sobre o porquê, mas o que está para trás, lá ficou. E agora tenho fé e esperança que um novo horizonte se avizinhe para nós. Acredito que o sol vai brilhar, mesmo que seja tímido de iníco, mas havemos de vencer.

E eu necessitava mesmo deste regresso. 

Quantas voltas são precisas..

Hoje ao ouvir a nova música do Miguel Angelo dos Delfins, não consegui evitar a tristeza e os pensamentos acerca da vida.

Quando pensamos que nada mais nos poderá derrubar, eis que mais uma pedra nos é colocada no nosso caminho!!

 

Quantas voltas serão precisas a vida dar...

 

Fica a letra!!

 

Quantas voltas são precisas
Para escolher um só caminho?
E sentir que é meu para Sempre!
Quantas vezes, indeciso
Eu desisto de vencer
E decido ser prudente
Evitando o que é diferente.

 

É o tempo roubado à razão de existir
Um momento passado e perdido
É o Amor
Precioso

Um Destino traçado num mapa a Fingir
Um Futuro Distante, Iludido
é o Amor
Precioso

Quantas feridas são precisas
Para escorrer um sangue novo
E acender a chama ausente
Prometendo que é para Sempre!